O Papel de Auditoria Interna na era da IA e da CiberSegurança

2460

[Perinity Week]

 

O Papel da Auditoria Interna na Era da Inteligência Artificial e da Cibersegurança

A auditoria interna vive um momento de transformação. Com o avanço da inteligência artificial (IA) e da cibersegurança, o papel do auditor deixa de ser apenas retroativo — de olhar para o passado — e passa a ter um caráter preditivo e estratégico. Esse foi o tom central do painel realizado durante a Perinity Week, reunindo especialistas que discutiram como a auditoria interna pode apoiar as organizações frente a esses novos riscos.

Auditoria e Inteligência Artificial: de apoio a risco estratégico

Nos eventos anteriores da Perinity, a IA já havia sido abordada como ferramenta de apoio para áreas de riscos, controles e governança. Neste painel, a proposta foi diferente: discutir a IA sob a ótica dos riscos que ela gera às organizações.
Seja em ferramentas de mercado ou soluções desenvolvidas internamente, a adoção da IA traz desafios como vazamento de dados, vieses nos algoritmos, dependência excessiva de modelos e falhas na explicabilidade dos resultados.

A conclusão foi clara: cabe à auditoria interna avaliar esses riscos, auditar os modelos e oferecer recomendações para a administração, assegurando que os controles sejam eficazes.

Desafios para a auditoria interna

Os painelistas destacaram três grandes barreiras que dificultam a atuação da auditoria nesse campo:

Capacitação técnica: muitos auditores ainda não estão preparados para lidar com auditorias em IA e cyber. É preciso investir em formação contínua.

Resistência cultural: áreas de negócio podem enxergar a auditoria como um entrave, especialmente quando o uso de IA já está avançado sem governança clara.

Shadow AI: colaboradores utilizando ferramentas sem autorização ou em versões não corporativas, expondo dados sensíveis e criando riscos invisíveis para a organização.

Principais riscos mapeados

O painel apontou os cinco riscos que mais preocupam administradores e auditores:

Vazamento de dados sensíveis;

Explicabilidade limitada dos modelos;

Dependência excessiva da tecnologia sem validação humana;

Vieses e discriminações algorítmicas;

Desempenho inesperado, principalmente em setores críticos como saúde e financeiro.

Auditoria e Cibersegurança: uma relação indissociável

Ao adotar IA, automaticamente surgem riscos de cibersegurança. Portas de entrada e saída de dados precisam ser monitoradas, controles como SOC, DLP e SIEM devem estar ativos, e frameworks como NIST, ISO 27001, ISO 42001 e CIS Controls são fundamentais para estruturar a governança.

Além disso, o uso de IA adaptativa e testes como pen tests, breach simulations e attack surface management foram apontados como essenciais para fortalecer defesas.

O caminho para a auditoria interna

Os especialistas foram categóricos: a auditoria interna precisa se preparar para esse novo cenário. Isso significa:

Capacitação contínua em IA, cyber e governança;

Participação desde a concepção de projetos de IA, e não apenas na fase final;

Uso da IA como aliada para escalar auditorias e deixar de olhar apenas pelo retrovisor;

Foco em ROI e KPIs claros, como acurácia, redução de erros, eficiência operacional e conformidade regulatória.

Considerações finais

A auditoria interna está diante de uma oportunidade histórica. Pela primeira vez, com o apoio da IA, ela pode ganhar escala, relevância estratégica e visão de futuro. Como resumiram os painelistas, é hora de o auditor deixar de ser apenas o guardião do passado e assumir o papel de “Waze da organização”, orientando caminhos, antecipando riscos e fortalecendo a resiliência corporativa.

Apresentador:

  • Leandro Burba (Perinity)
Participantes:
  • Gemau Halla (Odebrecht)
  • Diogo Nogueira (Hapvida)
  • Denis Silva (OnSecure)