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A auditoria interna e o Desafio da Independência Dentro das Corporações.

Olá, colegas auditores, como vocês lidam com a independência?

Talvez se fossemos D. Pedro I lidaríamos muito bem, afinal de contas deve ser maravilhoso proclamarmos a independência de algo com o qual estamos comprometidos em funcionar bem.

No caso de nós auditores internos, nos consideramos independentes ao realizarmos nossa atividade dentro das corporações das quais fazemos parte.

Mas o quanto esta independência de fato acontece? Não podemos esquecer que temos um vínculo trabalhista com a organização que trabalhamos. É ela que paga nosso salário. E como podemos dizer para quem nos alimenta, que ela está errada, que não está Compliance com algo? E fazê-lo “sin perder la ternura”?

O modelo das Três Linhas de Defesa proposto pelo The IIA é uma parte importante do gerenciamento de riscos e controle da organização. O modelo atual tem a vantagem de ser simples, fácil de comunicar e fácil de entender. Ele descreve os respectivos papéis do conselho/corpo administrativo, alta administração e gerência operacional, funções de risco e conformidade, e auditoria interna. Ele ajuda as organizações a evitar confusões, lacunas e sobreposições ao atribuir as responsabilidades pelas atividades de gerenciamento de riscos e controle. Também destaca a influência da auditoria externa e dos reguladores. E na minha opinião favorece sobremaneira a independência.

O modelo está em processo de revisão, pois segundo o IIA, no documento de exposição Três linha de defesa, existem áreas “borradas”, que permitem alguma sobreposição de atividades e por conseguinte pode comprometer a atuação dos organismos envolvidos.

No entanto, para nós da auditoria interna a linha de independência está muito clara. Nós auditores, bem como a célula de auditoria interna não deveria estar conectada a nenhuma estrutura passível de ser auditada por nós. Penso que auditorias internas que estão sob a estrutura da diretoria financeira ou da controladoria, terão sua independência completamente comprometida.

E basta uma única pergunta: qual será o nível de independência do CFO ao receber um relatório onde sua área é foco de diversos problemas gerados por inúmeros gaps de controle?

A mensagem da independência para mim é muito clara. Devemos ser independentes para exercermos nossa atividade dentro das premissas legais e diretrizes emanadas do The IIA, e por isto, dentro de nossas corporações, seguindo a versão atual das 3 linhas de defesa, devemos ter nossa área de atuação livre e garantida pelo Board. Sem isto, não tenho dúvidas que nosso trabalho, bem como os resultados ficarão por demais comprometidos. Aumentaremos nosso risco de detecção, teremos restrições para realizamos nossos exames, bem como ficaremos tolhidos para desempenharmos nossa atividade da forma como preceituam as boas práticas da profissão.

Fica a mensagem. Independência para atuarmos, e a liberdade para tal, não se configura em libertinagem, em seu sentido figurado.

Até a próxima.

Rui Bezerra Silva, é Auditor Interno, com passagem pelos segmentos de Energia, Portos, Hospitais e Oil & Gas. É Mestre em Administração e Bacharel em Ciências Contábeis. Co-fundador do Canal da Integridade, do Projeto Mente Integra, professor, palestrante, mentor e Autor do livro: O que é Compliance? Conceitos e ferramentas na visão de um auditor interno.” (ed. Albatroz – 2018).

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