[Perinity Week]
O Fator Humano Ainda é o Elo Mais Fraco? Desafios e Potenciais na Governança Corporativa
Na era da inteligência artificial, frameworks robustos e sistemas de controle cada vez mais sofisticados, uma pergunta continua ecoando nas empresas: o fator humano ainda é o elo mais fraco da governança corporativa?
Esse foi o tema central de um dos painéis mais instigantes da Perinity Week, que reuniu especialistas como Paola Mariana, Mário Júnior e Marcos Assi, sob a mediação de Eduardo Bueno, para discutir como o elemento humano pode comprometer — ou fortalecer — toda a estrutura de governança.
Quando o ser humano enfraquece a governança
Os painelistas foram unânimes ao afirmar: a pressão excessiva, a falta de preparo e a ausência de escuta ativa estão entre os principais fatores que fragilizam a boa governança.
Pressão sem suporte: cobranças desmedidas, muitas vezes sem oferecer recursos adequados, levam colaboradores a tomarem decisões equivocadas ou antiéticas.
Falta de preparo: pessoas em posições para as quais não foram capacitadas tornam-se vulneráveis a erros e até a assédios indiretos.
Comunicação falha: processos desalinhados, áreas que não conversam entre si e líderes que não ouvem minam o engajamento e abrem brechas para riscos.
Mário Júnior destacou o pentágono da fraude, evolução do conhecido triângulo da fraude, que acrescenta dois elementos críticos: capacidade técnica e disposição ao risco. Em outras palavras, nem sempre a fraude ou o desvio ocorre por ganância — muitas vezes é fruto de pressão, más condições ou falhas culturais da organização.
O fator humano como elo mais forte
Se pode ser o elo mais fraco, o ser humano também pode ser o principal motor da governança. Para isso, alguns pontos são fundamentais:
Engajamento real: colaboradores precisam acreditar no propósito da empresa e se sentir parte da missão.
Exemplo da liderança: gestores éticos e transparentes atraem comportamentos positivos e constroem confiança.
Capacitação contínua: treinamento constante transforma fragilidades em fortalezas e gera senso de pertencimento.
Transparência e isonomia: ambientes justos, sem impunidade corporativa ou privilégios seletivos, promovem confiança.
Marcos Assi reforçou que não basta implementar tecnologia ou códigos de conduta complexos. Sem conduta clara, exemplo prático e acompanhamento diário, qualquer programa de integridade perde força.
Cultura organizacional: o verdadeiro DNA
A cultura foi apontada como determinante. Mais do que códigos extensos ou treinamentos pontuais, é a cultura que molda comportamentos.
Uma cultura de medo e exposição gera assédio e desmotivação.
Uma cultura de ética aplicada, exemplo prático e respeito humano gera engajamento e inovação.
Como disse Peter Drucker — lembrado no painel: “A cultura devora a estratégia no café da manhã.”
Conclusão: risco e potência na mesma moeda
O painel deixou claro que o ser humano é, ao mesmo tempo, o maior risco e a maior oportunidade da governança corporativa.
Sem pessoas preparadas, engajadas e respeitadas, nenhum sistema ou framework se sustenta.
Com pessoas capacitadas, engajadas e inspiradas por bons líderes, a governança se fortalece e a cultura se perpetua.
A grande lição é que não existe governança sem gente. Tecnologia e processos são fundamentais, mas é o fator humano que define se serão elos frágeis ou correntes de aço.
Apresentador:
- Eduardo Mattos (Perinity)
Participantes:
- Marcos Assi (Massi Consultoria)
- Paola Sousa Costa
- Mario Junior (S2 Consultoria)