[Perinity Week]
Inteligência Artificial na Gestão de Riscos: entre benefícios e dilemas
A inteligência artificial (IA) deixou de ser apenas tendência e já faz parte da realidade corporativa. Mas será que as empresas estão preparadas para aplicar a IA de forma estruturada na gestão de riscos? Esse foi o debate central do painel mediado por Léa Mascarenhas (Perinity), com as participações de Ana Moura, Carolina Nóbrega e Peterson Ruiz, que compartilharam diferentes perspectivas sobre oportunidades, riscos e desafios da adoção de IA.
Onde a IA já faz diferença
Para Peterson, a IA já mostra resultados relevantes em mercados com governança mais madura, como o financeiro e o agrícola. Em análises de crédito ou na avaliação de riscos de commodities, por exemplo, a IA permite processar múltiplas variáveis em segundos, com mais velocidade, precisão e menos falhas humanas.
Carolina reforçou que os ganhos vão além da agilidade: a IA traz redução de custos, escalabilidade e capacidade preditiva. Mas fez um alerta: automatizar processos frágeis significa apenas escalar problemas, o que reforça a necessidade de estruturas de governança e dados sólidos antes de qualquer implementação.
Riscos e armadilhas da IA
Ana destacou que a IA não vem pronta nem perfeita. Entre os principais riscos, apontou:
Vazamento de dados e dependência de terceiros;
Alucinações e resultados incorretos que podem induzir a erros graves;
Falsa sensação de segurança, quando a empresa delega o processo decisório à IA sem validação humana;
Uso inadequado por falta de preparo, expondo organizações a riscos ainda maiores.
Para ela, a validação por comitês multidisciplinares e o treinamento contínuo são indispensáveis para que a IA realmente agregue valor à gestão de riscos.
O papel estratégico da IA
Os painelistas concordaram que a IA não cria riscos novos — ela potencializa a capacidade de enxergar e antecipar riscos já existentes. Com dados confiáveis e modelos bem estruturados, é possível simular cenários, prever incidentes e responder mais rápido a crises.
Ana trouxe exemplos práticos da cibersegurança e investigação digital, onde a IA já ajuda a detectar padrões de incidentes, acelerar respostas e vincular informações complexas em grandes massas de dados. Mas lembrou: os ataques também evoluem, e o preparo humano continua essencial.
Ferramentas, governança e cautela
Durante o painel, a Perinity apresentou a evolução da Aldara, que agora atua como copiloto para mapeamento de riscos, trazendo agilidade e recomendações baseadas em frameworks de mercado.
Sobre ferramentas em geral, Peterson reforçou que não existe um “oráculo” universal: as melhores soluções são aquelas alinhadas ao processo, à cultura e ao objetivo estratégico da empresa. Já Carolina alertou para questões críticas de governança e segurança da informação: rastreabilidade de dados, confidencialidade e integração com políticas internas devem ser pré-requisitos para qualquer uso de IA.
Conclusão: confiança e capacitação
O painel terminou com um consenso: a IA é um meio, não um fim. Sem objetivos claros e governança estruturada, ela apenas acelera erros. Mas, usada com cautela, pode tornar a gestão de riscos mais ágil, preditiva e estratégica.
As principais lições deixadas pelos especialistas foram:
Não ter medo de errar, mas aprender rápido e corrigir;
Investir em treinamento e capacitação contínua;
Implementar comitês e fóruns multidisciplinares;
Tratar governança e transparência como pilares do uso da IA.
Como resumiu Ana Moura: “Confiança é base de relacionamento. Com a inteligência artificial, não é diferente.”
Apresentador:
- Léa Mascarenhas (Perinity)
Participantes:
- Peterson Ruiz (Prz Assessoria)
- Carolina Nobrega (Mazars)
- Ana Moura (IDESP)