Gestão de riscos no agronegócio no Brasil

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A gestão de riscos no setor de agronegócio no Brasil é um tema de grande relevância, considerando a importância do país como um dos maiores produtores e exportadores de commodities agrícolas do mundo. A complexidade do agronegócio envolve diversas variáveis, desde condições climáticas até flutuações nos mercados internacionais, que podem impactar significativamente a produção e a rentabilidade. Este material analisa as principais estratégias de gestão de riscos adotadas no setor, com base em pesquisas recentes, e discute a sua importância para a sustentabilidade e a competitividade do agronegócio brasileiro.

Identificação e Classificação dos Riscos

A primeira etapa na gestão de riscos é a identificação e a classificação dos riscos. No agronegócio, os riscos podem ser classificados em várias categorias: riscos climáticos, riscos de mercado, riscos operacionais, riscos financeiros e riscos legais e regulatórios.

Riscos Climáticos

Os riscos climáticos, como secas, geadas, tempestades e mudanças climáticas, são particularmente críticos no agronegócio. A variabilidade climática pode afetar diretamente a produção agrícola, reduzindo a produtividade e a qualidade das safras. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o impacto das mudanças climáticas pode causar uma redução de até 30% na produtividade das principais culturas agrícolas do Brasil até 2050.

Riscos de Mercado

Os riscos de mercado envolvem a volatilidade dos preços das commodities agrícolas, a demanda global, as políticas comerciais e as taxas de câmbio. A dependência do mercado internacional torna o agronegócio brasileiro vulnerável a flutuações econômicas e políticas em outros países. Conforme estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a volatilidade dos preços das commodities pode gerar variações significativas na receita dos produtores.

Riscos Operacionais

Os riscos operacionais referem-se aos desafios associados à produção agrícola, como pragas, doenças e problemas logísticos. A ineficiência na gestão desses riscos pode resultar em perdas significativas. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) destacou que a infestação de pragas pode reduzir a produção em até 20%.

Riscos Financeiros

Os riscos financeiros estão relacionados ao acesso a crédito, taxas de juros e liquidez. A alta dependência de financiamento para custear insumos e tecnologias agrícolas aumenta a vulnerabilidade dos produtores às variações das condições financeiras. Segundo dados do Banco Central do Brasil (BACEN), a inadimplência no crédito rural pode alcançar 10% em períodos de crise econômica

Riscos Legais e Regulatórios

Os riscos legais e regulatórios incluem mudanças na legislação ambiental, trabalhista e tributária. A conformidade com as normas e regulamentações é crucial para evitar penalidades e garantir a sustentabilidade das operações agrícolas. De acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), mudanças na legislação podem afetar diretamente os custos operacionais e a competitividade do setor.

Estratégias de Mitigação de Riscos

Para mitigar esses riscos, diversas estratégias são adotadas no setor de agronegócio. Entre as principais estão o uso de tecnologias avançadas, a diversificação de culturas, a contratação de seguros agrícolas, a adoção de práticas sustentáveis e a participação em mercados futuros.

Uso de Tecnologias Avançadas

A adoção de tecnologias, como sistemas de monitoramento climático, agricultura de precisão e biotecnologia, permite aos produtores antecipar e mitigar os impactos dos riscos climáticos e operacionais. Um relatório da Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG) destaca que o uso de tecnologias pode aumentar a eficiência produtiva em até 25% (ABAG, 2023).

Diversificação de Culturas

A diversificação de culturas é uma estratégia eficaz para reduzir a dependência de uma única commodity e, consequentemente, os riscos de mercado. A diversificação também ajuda a melhorar a resiliência às condições climáticas adversas e a reduzir o impacto de pragas e doenças. Segundo a Embrapa, a diversificação pode aumentar a estabilidade da renda agrícola em até 20%.

Seguros Agrícolas

A contratação de seguros agrícolas é uma prática essencial para a gestão de riscos no agronegócio. Os seguros protegem os produtores contra perdas causadas por eventos climáticos adversos, doenças e pragas. Dados da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) indicam que a adoção de seguros agrícolas cresceu 15% nos últimos cinco anos, refletindo a conscientização dos produtores sobre a importância dessa ferramenta.

Práticas Sustentáveis

A adoção de práticas agrícolas sustentáveis, como rotação de culturas, manejo integrado de pragas e uso racional de insumos, contribui para a redução dos riscos operacionais e ambientais. A sustentabilidade é um fator crítico para a longevidade e a competitividade do agronegócio. Um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) aponta que práticas sustentáveis podem aumentar a produtividade em até 30% a longo prazo.

Participação em Mercados Futuros

A participação em mercados futuros permite aos produtores negociar contratos de venda antecipada de suas commodities, protegendo-se contra a volatilidade dos preços. Essa estratégia proporciona maior previsibilidade de receita e reduz a exposição aos riscos de mercado. De acordo com a BM&FBOVESPA, a negociação de contratos futuros no agronegócio aumentou 12% nos últimos três anos.

Conclusão

A gestão de riscos agronegócio no Brasil é fundamental para garantir a sustentabilidade e a competitividade do setor. A identificação e a classificação dos riscos, aliadas a estratégias eficazes de mitigação, são essenciais para enfrentar os desafios inerentes à produção agrícola. O uso de tecnologias avançadas, a diversificação de culturas, a contratação de seguros agrícolas, a adoção de práticas sustentáveis e a participação em mercados futuros são algumas das principais estratégias adotadas para mitigar os riscos e assegurar a viabilidade do agronegócio brasileiro. O contínuo desenvolvimento e implementação dessas estratégias são cruciais para a resiliência e o sucesso do setor no cenário global.

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Fontes de consulta

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGRONEGÓCIO (ABAG). Relatório Anual de Tecnologias no Agronegócio. São Paulo: ABAG, 2023.

BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Relatório de Crédito Rural. Brasília: BACEN, 2023.

BM&FBOVESPA. Relatório de Mercados Futuros no Agronegócio. São Paulo: BM&FBOVESPA, 2023.

CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL (CNA). Volatilidade dos Preços das Commodities. Brasília: CNA, 2022.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Impacto das Mudanças Climáticas na Agricultura. Brasília: EMBRAPA, 2021.

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV). Infestação de Pragas e Produtividade Agrícola. São Paulo: FGV, 2021.

ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS (OCB). Impacto das Mudanças Legislativas no Agronegócio. Brasília: OCB, 2022.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E A AGRICULTURA (FAO). Práticas Sustentáveis na Agricultura. Roma: FAO, 2022.

SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP). Relatório de Seguros Agrícolas. Rio de Janeiro: SUSEP, 2023.

Referência: https://www.protiviti.com.br/
Autora: Cintia Soares